Conhecida por produzir de forma artesanal rapadura, melado, cachaça, whisky e outros, a Fazenda São José, viu na transformação da cana-de-açúcar foi uma boa opção de diversificação e de renda.
A propriedade de Valmor Bressan, localizada no município de Primavera do Leste (231 km ao Sul de Cuiabá), comercializa os produtos em Mato Grosso e na região Sul do país.
O agricultor, com recursos próprios e do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) na ordem de R$ 315 mil implantou, no final de 2018, a Agroindústria São José.
Essa nova atividade, que ressalta o forte sabor da cachaça e o doce da rapadura e do melado, transformou a propriedade que possui uma área total de 100 hectares.
A técnica em agropecuária da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Clélia Tiozo Silva, destaca que o empreendimento mudou a rotina da família do agricultor, oferecendo maior qualidade de vida com lucro e renda.
Segundo ela, a indústria trabalha de forma sustentável, e um exemplo disso é a utilização do bagaço da cana, que é queimado na caldeira reduzindo o uso de madeira para produção dos derivados da cana. O restante vai para o solo como cobertura morta para as culturas.
O vinhoto ou vinhaça é um subproduto da produção de cachaça. Um composto químico que é também um ótimo aliado da agricultura sustentável, sendo utilizado como fertilizante na lavoura. “Nada é desperdiçado, tudo é aproveitado”, explica Clélia.
Conforme a técnica em agropecuária, as instalações são adequadas com equipamentos para produção industrial, sendo adotadas as Boas Práticas de Fabricação (BPF), com higiene e utilização de equipamentos de proteção individual para manipulação dos produtos.
O crédito rural do Pronaf foi elaborado pelos técnicos da Empaer. A empresa atende o produtor desde 1987, auxiliando em todas as atividades produtivas com assistência técnica, crédito rural e também na comercialização.
Produção de cachaça
Com uma produção anual de 20 mil litros de cachaça, 80 toneladas de açúcar mascavo, 1.500 quilos de melado batido e dois mil quilos de rapadura, a fabricação dos subprodutos da cana-de-açúcar despertou interesse no produtor.
Recentemente, no mês de maio, lançou um novo produto, o whisky. A produção inicial é de 200 litros. Comercializa também o açúcar mascavo para a merenda escolar da cidade e dos municípios de Campo Verde e Santo Antônio do Leste.
O produtor Valmor chegou com a família no município de Primavera em 1986. Natural de Caibi, em Santa Catarina, ele começou com o cultivo de olericultura e produção de batata doce, chegando a plantar 30 hectares da cultura, tendo sido esta a sua principal atividade por muitos anos. Cultivou também tomate, abobrinha, berinjela e folhosos. Teve mais de 400 caixas de mel em produção e parou por causa da redução do pasto apícola, devido à agricultura intensiva na região.
Com experiência em diversas culturas, resolveu investir numa área de 19 hectares com o cultivo da cana-de-açúcar e, em seguida, com a implantação de uma agroindústria.
Renovação do cultivo de cana
A intenção do produtor é chegar ao final de 2020 com a renovação do cultivo de cana numa área de cinco hectares. Hoje a fabricação dos subprodutos da cana-de-açúcar tornou-se a principal fonte de renda da família. No atacado, comercializa o açúcar mascavo por até R$ 10,00 o quilo, a rapadura por R$ 10,00 (kg), o melado por R$ 8,50 (kg), a cachaça de R$ 25,00 a R$ 60,00 e o whisky por R$ 90,00.
Com a produção de 10 tipos de cachaça artesanal, ele destaca o sabor, o aroma e a maciez da bebida que produz em sua propriedade. Bressan afirma que o trabalho é constante, sendo iniciado com o cultivo da cana, o corte, a separação, a moagem, e na sequência a produção de vários derivados.
“Quem toma a minha cachaça, vira freguês. O diferencial dessa bebida é que esquenta a boca, desce macio e não queima a garganta. Nunca recebi nenhuma reclamação. Temos também a cachaça para as mulheres, que é feita com mel e castanha de coco, sendo bem aceita pelo grupo feminino”, esclarece.
Na produção do whisky , utiliza açúcar mascavo e milho curtido na madeira. Ainda está fazendo vários ajustes para garantir uma bebida de excelência, apostando na qualidade e fidelização dos clientes.
O proprietário afirma que o objetivo é que as pessoas adquiram confiança e se tornem clientes por muitos anos, garantindo o escoamento da produção. O trabalho na agroindústria conta com a participação do seu filho Quellis Bressan, que é formado em Tecnologia da Informação e Engenharia Agronômica, e atua no desenvolvimento da propriedade.
Com informação da Empaer-MT
Foto: Arquivo | Bressan