Com mais pessoas conectadas à internet, o número de crimes cibernéticos também aumentou. Em Mato Grosso, os casos de fraudes aplicadas online tiveram alta de 372% no primeiro ano da pandemia. Os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT).
Os golpes virtuais já existiam, mas pode-se dizer que os criminosos atualizaram as suas táticas de atuação. Em 2019, por exemplo, entre as diversas fraudes aplicadas pela internet a Polícia Civil registrou 325 boletins de ocorrência. No ano passado, o número subiu para 1.535 casos. De acordo com a Sesp, todas as modalidades de crimes cibernéticos cresceram no mesmo intervalo: estelionato (137%), extorsão (196%), falsidade ideológica (67%) e fraudes no comércio (164%).
E como os golpes costumam ser atualizados, um dos temas do momento é a vacina contra a covid-19. Tem gente usando, por exemplo, o nome do Ministério da Saúde e das secretarias de Saúde para aplicar golpes pelo WhatsApp. Um perfil falso do secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, que é também presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) foi usado por um dos golpistas.
“O golpista dizia: ‘sobraram algumas doses do lote das vacinas. Você não quer adquirir para o seu município? E pedia um valor para que fizesse a entrega. Obviamente absurdo. As doses de vacina são públicas, são gratuitas”, afirma o secretário.
Caindo nos golpes
A nível mundial, o Brasil é o quarto país mais afetado por cibe ataques, de acordo com a a empresa Kaspersky, especializada em segurança para a internet. Para se ter uma ideia, mais de 5 milhões de brasileiros foram vítimas de crimes de clonagem de WhatsApp em 2020, segundo levantamento da PSafe, empresa de segurança digital.
A jornalista Michelle Souza, de Brasília, foi uma das vítimas desse tipo de golpe. Ela conta que estava trabalhando e conversando com alguns contatos pelo WhatsApp quando recebeu uma ligação. Na ocasião, a voz do outro lado lhe fez um convite para um evento. Michelle seguiu as instruções que eram passadas pelo telefone: clicou em um link, que gerou um código por SMS e informou o código à pessoa. No mesmo momento o WhatsApp parou de funcionar e a pessoa teve acesso aos contatos da jornalista. A partir dai, o golpista pediu dinheiro em nome de Michelle. Um amigo dela não imaginou que poderia ser um golpe e transferiu cerca de R$ 6 mil.
Soluções
O presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, explica que todas as redes sociais, as plataformas de e-mail e os mensageiros instantâneos, como WhatsApp e Telegram, contam com um recurso que permite ativar um segundo fator de autenticação para comprovar que você é você mesmo.
“Isso resolveria 95% das tentativas de golpes que ocorrem hoje, por exemplo, em redes sociais e aplicativos de mensagens. Mas pouca gente ainda utiliza o segundo fator de autenticação. Quanto mais gente utilizar, maiores serão as dificuldades de esses criminosos terem êxito nas suas ações”.
Com informações O Livre