O número de cooperados cresceu 20% em média nas cooperativas de crédito associadas ao Sistema de Organização das Cooperativas Brasileiras em Mato Grosso (Sistema OCB/MT). Conforme os dados da instituição, em 2019, eram 527.919 cooperados e, no ano seguinte -2020 – passou para 632.965.
E a expansão não é exclusividade do Estado. Conforme os dados do Banco Central, as cooperativas de crédito cresceram 134% nos últimos 5 anos. Se fosse instituições bancárias, estariam em 6º lugar, atrás do Santander, por exemplo. Os primeiros lugares ficariam por conta do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander.
As cooperativas representam 10,74% do estoque de empréstimos e financiamentos. Há 5 anos, não era uma fatia superior a 6%. Conforme a avaliação de especialistas, o crescimento tem como alicerce a absorção das tecnologias pelas cooperativas, bem como a expansão da rede física.
Ainda em relação aos dados do Banco Central, apenas o Sicredi e o Sicoob, juntos, têm mais agências no país que o Banco do Brasil. Enquanto as cooperativas somam 5.5646 postos – dados de 2020 -, o BB chega a 3.988.
Em Mato Grosso, existem cooperativas em 122, dos 141 municípios do Estado. Em mais de 40 cidades, a instituição financeira cooperativa é a única para atender à população.
O chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições não Bancárias (Desuc) do Banco Central do Brasil (BC), Harold Espínola, diz que o BC acompanha a expansão das cooperativas de crédito e tem o interesse em se aproximar cada vez mais do setor. Ele avalia que o crescimento está tanto em números como na visibilidade na mídia, já que as cooperativas deixaram de figurar apenas nas áreas especializadas dos noticiários para ocuparem outros espaços e editorias.
Na avaliação de Espínola, todos avanços são resultado do aumento da participação das cooperativas no sistema financeiro, seja competindo, seja promovendo a inclusão. Uma inserção que traz a necessidade de se profissionalizar ainda mais, gerar novos negócios, estar atualizado e inovar ao mesmo tempo, defende o chefe do Desuc.
Ele acredita que as competições serão cada vez mais acirradas conforme as regulamentações pró-mercado forem implantadas. Entre os exemplos disso, está o sistema Open Banking.
“Antes, as informações do cliente eram da instituição. Sendo assim, as vantagens que ele conseguia por meio de um relacionamento com a instituição financeira, não tinham valor na praça. Agora, todos sabem quem são os clientes favoráveis. Ninguém tem exclusividade sobre o consumidor, que está livre para escolher a melhor opção”, explica.
E quem irá sobreviver a essa realidade? Na opinião de Espínola, quem tiver claro quem é o seu público e como gerar o sentimento de pertencimento a ele.
Para as cooperativas, o trabalho já está sendo feito, já que muitas estão ocupando as lacunas deixadas pelas instituições financeiras.
Fomento à economia local
A conselheira do ramo de crédito em Mato Grosso e presidente do Sicoob Central Rondon, Aifa Naomi, acrescenta que não se pode falar em expansão das cooperativas sem citar o desenvolvimento da economia local a partir dos negócios gerados. No caso das cooperativas de crédito, a cada R$ 1 investido no município, outros R$ 2,45 são gerados na praça.
Naomi lembra ainda da capilaridade das ações, tendo em vista que pesquisas apontam que 54% dos negócios gerados no setor agropecuário tiveram a participação das cooperativas com crédito, mesmo que eles tivessem pequenas proporções.
Levando em consideração que Mato Grosso é um estado destaque na economia nacional por conta do setor, vê-se aí a importância das cooperativas. Contudo, lembra a conselheira, também acende um alerta sobre os espaços que ainda precisam ser ocupados para que o ramo ganhe mais sofisticação e complexidade.
“Temos ainda que trabalhar para industrialização. Assim, vamos reter mais dinheiro aqui e deixar de ser fornecedor apenas de produtos in natura”, afirmou.
Na opinião do coordenador do Conselho Especializado das Cooperativas de Crédito (Ceco) do Sistema de Organizações das Cooperativas Brasileiras (OCB-Nacional), Marco Aurélio Almada, as cooperativas já estão caminhando nessa direção e um trabalho institucional firme tem sido realizado para promover as melhorias legais necessárias.
Almada ressalta que muitos avanços regulamentares foram alcançados para o cooperativismo de crédito ao longo dos anos e, atualmente, os que estão em discussão são os complementares.
“Estamos dando polimento às questões que não foram totalmente arredondadas. Porém, sabemos que as melhorias continuarão a ser demandadas por conta da própria sociedade, que muda e cria uma necessidade constante de aperfeiçoamento”, afirmou.
Sobre o Sistema OCB/MT – A Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso – Sistema OCB/MT – é uma entidade formada por 3 instituições que fazem papéis distintos e ao mesmo tempo interligados, focados no suporte às cooperativas: OCB/MT – Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso; Sescoop/MT – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de Mato Grosso; e o I.Coop – Faculdade de Cooperativismo.
O Sistema OCB/MT faz parte do movimento cooperativista nacional SomosCoop.