Cafeicultura regenerativa gera carbono positivo e torna o produto mais competitivo no mercado

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(Divulgação/SIC)

A geração Z será a mais exigente jamais vista na história. Também chamados de honestos, esse novos consumidores buscarão modelos de produção de café realmente sustentáveis, além de uma cadeia radicalmente transparente e verificável. O painel “O movimento das origens controladas e a busca pela diferenciação sustentável”, no segundo dia da Semana Internacional do Café, discutiu as tendências para satisfazer a esse público cada vez mais em busca da sustentabilidade.

Priscilla Lins, gerente da unidade de agronegócio do Sebrae Minas, aponta que o consumo de café deve dar um enorme salto quantitativo e qualitativo nos próximos anos. “É preciso criar uma nova linguagem para dialogar com essas pessoas e isso vai muito além do que dizer que um café é especial. Eles querem ter certeza da sustentabilidade e do impacto positivo daquilo que consomem. Esse comportamento já vem modificando a lógica de toda a cadeia produtiva, que tem se mostrado muito mais preocupada com a questão”, diz.

Felipe Villela, fundador da startup Renature, falou sobre as vantagens da agricultura regenerativa. Além da redução de custos com insumos, sair da monocultura pode proporcionar ao produtor uma diversificação na fonte de renda. Do mesmo modo, uma produção mais sustentável pode gerar créditos de carbono e maior valor agregado aos produtos, já que muitas empresas estão dispostas a pagar mais pela sustentabilidade. E, por fim, a combinação de várias espécies torna o meio ambiente mais saudável e capaz de ter mais resiliência climática.

“Essa é uma prática utilizada há muito tempo na história da humanidade, mas foi nos anos de 1980 que ganhou o nome de agricultura regenerativa. É chamada assim porque vai além da sustentabilidade, ela gera um impacto positivo no meio ambiente. Ela é carbono positivo”, explica Villela.

Lucimar Silva, gestora de negócios da Guima Café, conta que implementou as práticas da agricultora regenerativa em sua fazenda e optou por combinar a plantação de café com a de abacate. “Cada uma delas têm funções que se somam. A combinação de espécies ajuda a ter uma agricultura mais resiliente e uma melhor gestão dos recursos hídricos”, reforça.

A preocupação com o social também está no radar da produtora. Na fazenda, Guima vem investindo nas crianças para proporcionar a elas uma formação mais ecológica. “Precisamos investir nesses jovens. Eles é que vão nos substituir. Precisamos passar para eles esse olhar da sustentabilidade para que eles possam dar continuidade e continuar pensando nas próximas gerações”, diz.

Para Villela, o Brasil tem um potencial enorme na bioeconomia, que engloba o carbono, a biodiversidade e a água. “A agricultura regenerativa tem sido muito falada não só no Brasil, mas no mundo inteiro porque tem se mostrado rentável. Com as metas de sustentabilidade, muitas empresas estão aderindo a essa prática porque é o futuro da agricultura. Ela consegue fazer um diálogo entre a agricultura e o meio ambiente”, salienta.

A cafeicultura regenerativa pode ser uma grande aliada para atrair a atenção desse consumidor em busca de maiores impactos sociais e menores impactos ambientais. Nesse sentido, o certificado de origem controlada é essencial para os produtores demonstrarem a efetividade em seus negócios.

“Esse é um novo momento. Você tem que estar conectado com toda a cadeia. Os produtores devem dialogar diretamente com os consumidores para mostrar como se dá o seu processo de produção. Afinal, no fim da cadeia quem está é o consumidor e nós temos que contar essa história para ele”, finaliza Sara Morrocchi, da Vuna Coffee School.

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