A história de empreendedoras que trabalham em profissões, há décadas, dominadas por homens

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(Imagem: Freepik)

Laís Fonseca é CEO e fundadora da tech health, QBem especializada em inteligência de dados para o setor de saúde. Graduada em Administração e Políticas Públicas com MBA pelo MIT Sloan (2019), a empresária começou a empreender na área por conta de um problema de saúde com a mãe. 

Com passagens em cargos de gestão na esfera governamental, e consultoria em grandes empresas, tem especialização em transformação digital para a jornada do paciente, com foco em engenharia de dados, interoperabilidade, análise de dados e inteligência artificial.

Chegou a fundar a Precavida.

Atualmente, à frente da QBem, conta com uma estrutura enxuta, que entrega muita eficiência, com 30 colaboradores e estima duplicar esse número em 2023. Gerencia e detém os dados de mais de 4 milhões de vidas, o equivalente a 9% de vidas-beneficiárias em saúde privada do Brasil.

Já processou mais de R$ 27 bilhões de dados, a fim de fornecer insights para a tomada de decisão em corretoras, RHs, operadoras de saúde, hospitais e outros prestadores de saúde ao redor do país. Hoje são cerca de 34 mil empresas atendidas.

A tech health desenvolve data-lakes especializados em saúde e algoritmos, a fim de otimizar processos dentro dos hospitais, corretoras, operadoras, bem como propiciando redução de custos com exames repetidos, por exemplo. Indicadores de predição ajudam na tomada de decisão de cada um desses atores, considerando suas especificidades e necessidades por regiões.

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– Sandra Nalli, CEO e fundadora da Escola do Mecânico, edtech de impacto social que forma mecânicos.

Aos 14 anos, dirigia o fusca vermelho do pai e, com essa idade, começou a trabalhar na área de reparação automotiva como jovem aprendiz, em uma grande rede do País. O primeiro contato com a mecânica foi o suficiente para se apaixonar, e nunca mais saiu.

Sofreu muito preconceito nessa jornada até aqui, principalmente quando pediu para gerenciar a oficina da empresa que trabalhava e a resposta foi NÃO. Depois, se colocou à disposição para estudar e aprender a fazer manutenção dos carros.

Fez cursos, se especializou na área e, mesmo assim, ouvia frases do tipo dos clientes “Não tem um homem para vistoriar o meu carro?”, “Mas, você tem habilitação”. Resiliente, ela respondia que sim, mas exigiam sempre que um homem da equipe estivesse junto com ela vistoria.

Nunca desistiu, até que conseguiu a oportunidade.

A ideia de empreender começou como um projeto social na Fundação Casa, onde era voluntariada. Ela percebeu que podia formar alguns detentos que tinham vocação para esse tipo de trabalho. Ela viveu o dilema de, já naquela época, ter dificuldade para encontrar e recrutar bons mecânicos. Então viu que podia ela mesma formar essas pessoas, empregá-las e regenerá-las. O impacto social sempre esteve presente.

Alugou 10 salas em um estacionamento até ir para um barracão bem rústico e simples, e, ali, começou os primeiros passos no empreendedorismo, oferecendo cursos de capacitação. Pediu para grafitar deu seus primeiros passos no empreendedorismo. Pegava a lista páginas amarelas e ficava ligando em oficina e oficina para oferecer os mecânicos já formados, até criar o App Emprega Mecânico.

Tinha em mente que não podia errar, pois seria mais uma vez motivo de falas como “Lugar de mulher não era ali”. Estudava mais que os homens, e praticava mais que os homens. Quando a procura aumentou, optou por comercializar uma parte dos serviços até que virou franquia em 2016.

Hoje, com 42 anos, a Escola do Mecânico tem 10 redes próprias e 26 franquias espalhadas por Goiás, Minas Gerai, Paraná, Pernambuco, Rio De Janeiro, Rio Grande Do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Conta com 460 instrutores de treinamento e 296 colaboradores. Recebeu investimento da Yunus Corporate, conhecido como o banco dos pobres e dos negócios sociais, que aportou R$ 1 milhão – um dos poucos negócios fundado por uma mulher a ser selecionado para receber o investimento. O valor está sendo empregado em marketing, canais de aquisição, pessoas, novos cursos e tecnologia, com o objetivo de aumentar a capacidade de impacto.

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Flavia Deutsch Gotfryd é fundadora e CEO da Theia e Paula Crespi é COO.

Com passagens por instituições como JP Morgan, Merrill Lynch e Citigroup, Flavia entrou logo no início da fintech Acesso, onde liderou os times de Produto, Marketing e Vendas. Flavia conheceu sua sócia Paula durante o MBA na Universidade de Stanford, de onde se formou em 2012.

Paula Crespi é COO. Antes de fundar a healthtech, Paula trabalhou anos liderando estratégia de novos produtos e inovação na Whirlpool e foi a primeira pessoa – além dos fundadores – no time de negócios do GuiaBolso, uma das principais fintechs do Brasil, o GuiaBolso, onde liderou Produtos e Marketing. Paula conheceu sua sócia Flavia durante o MBA na Universidade de Stanford, de onde se formou em 2013.

A Theia é uma healthtech focada em preconcepção, pré-natal, parto e pós-parto por meio de uma metodologia, que tem a missão redefinir a experiência da saúde da mulher gestante por meio de uma plataforma de cuidados online. É a primeira clínica a alavancar tecnologia para trazer a mulher para o centro do cuidado, unindo o mundo de consultas online aos dados, além de atendimentos presenciais para reduzir a assimetria de informações que existe nesse sistema.

Na Theia, as mulheres contam com uma equipe transdisciplinar completa, incluindo obstetra, para fazer pré-natal, parto e pós-parto, com atendimento no consultório e pelo app. Em 2022, anunciou a mais nova rodada (seed de R$30 milhões) liderada pelo fundo americano 8VC. Também entraram na rodada o fundo americano Canaan, especializado em saúde, além da Kaszek Ventures, a mesma que apostou em ideias inovadoras como Gympass, Nubank, Loggi e Quinto Andar.

A Theia alcançou resultados muito sólidos em saúde com o grupo de controle, o que levou a lançar o primeiro espaço físico, no início de 2022, na região da Paulista. Com atenção especial para a jornada das gestantes, lançou recentemente o aplicativo para acesso ao programa de acompanhamento, semana a semana, das etapas da gestação, evolução do tamanho do bebê, além da indicação e marcação de consultas com a rede de especialistas que trabalham, juntos, na gestão da saúde feminina. E, em último, o fato de levantar o aporte para investimento na aceleração do crescimento da empresa.

Quintuplicou a receita ao longo de 2021 e, realizou desde janeiro passado, mais de mil atendimentos, dobrando no primeiro trimestre deste ano o número de mulheres grávidas cuidadas pela healthtech. Os resultados de saúde alcançados refletem nas baixas taxas de cesarianas desnecessárias, internações, intercorrências neonatais e prematuridade. A meta agora é expandir o alcance/ampliação da atuação na cidade de São Paulo, aperfeiçoando a solução atual e aumentar a atuação junto aos planos de saúde. A Bradesco Saúde passou a ser parceiro de atendimento, assim como Porto Seguro.

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