A expectativa com o futuro do valor do frete rodoviário no Brasil não é nada promissora para a maioria dos transportadores, de acordo com pesquisa que apontou o pior sentimento de empresários de transportes desde antes da pandemia, com o setor afetado pela atividade econômica fraca e pela quebra de safra de grãos.
Sondagem realizada pela associação NTC&Logística apontou que 37% dos entrevistados acreditam em uma piora do valor do frete no futuro, versus um patamar de 35% do segundo semestre de 2019, antes da pandemia, e 30% na última pesquisa do ano passado.
Aqueles que acreditam em uma melhora do frete ficaram praticamente no nível da pesquisa anterior, em 36%, enquanto aqueles que apostam em uma estabilidade respondem por 27%.
“O frete depende muito do segmento de atuação do transportador. O frete do agronegócio está ruim, o pessoal (contratante do frete) não está querendo repassar o valor do diesel, e está começando a faltar caminhão”, disse à Reuters o assessor técnico da NTC&Logística, Lauro Valdivia.
Com o mercado afetado por seguidas quebras de safra no Brasil –a do milho em 2021 e agora a de soja–, as negociações entre contratantes e transportadores estão difíceis, com muitas empresas sendo levadas a migrar para outras categorias de produtos, segundo o especialista.
Ele notou também que o segmento foi atingido em 2022 pela severa quebra de safra de soja no Sul, que acaba movimentando transportadores e caminhoneiros autônomos para outras regiões em busca de cargas, conturbando os fluxos.
No segundo semestre de 2021, o volume de cargas para transporte já havia caído pela quebra na produção de milho, mas também a economia não foi tão bem, acrescentou Valdivia.
“Além do agronegócio não ter contribuído tanto, o volume de carga industrial e pessoa física frustrou”, comentou.
O levantamento com 250 empresários transportadores, incluindo os maiores do setor no país, mostrou ainda que continua a defasagem do valor do frete, agora estimada em 13,3%, em meio à alta de custos, como o do diesel, que disparou cerca de 50% em 12 meses até janeiro.
Com informações Reuters