As consequências econômicas da guerra na Ucrânia para o Brasil ultrapassam em muito o aumento nos combustíveis, avalia a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade alerta para o risco até de um aumento nas falências, pois a crise que já afeta o nosso país deve dificultar para as empresas o repasse integral ao consumidor do aumento dos custos.
“Há um desemprego elevado no mercado interno que dificulta o repasse de preços na mesma proporção do aumento de custo. Com isso, pode haver uma redução da margem de lucro das empresas ainda afetadas pela crise, o que aumenta o risco de falências e de dificuldades em negociar dívidas”, afirma o gerente executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, em comunicado divulgado pela entidade nesta segunda-feira (14/3).
O documento indica que os preços em dólar de produtos que o Brasil busca no mercado internacional estão em forte alta desde o início da guerra na Europa, no fim de fevereiro. O trigo subiu 45,3%, mais que o petróleo, cujo preço avançou 34,3%. Milho (+10,3%); açúcar (+4,9%); e alumínio (+4,2%) também estão nessa lista.
A avaliação é coerente com alerta da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), que afirmou, na última segunda-feira (14/3), que os preços dos produtos devem subir nas próximas semanas.
Mário Sérgio Telles avalia ainda que a dimensão dos impactos do conflito na economia brasileira depende da duração da guerra.
“Uma duração mais longa poderá ampliar não só os efeitos sobre commodities, mas também ampliar os impactos negativos sobre o crescimento da economia mundial, influenciando as exportações brasileiras como um todo”, afirma ele.
A CNI avalia ainda que, como o fluxo de comércio entre Brasil e Ucrânia é pequeno, a possível interrupção causada pela guerra não deve afetar fortemente a nossa economia, mas o caso da Rússia é mais complexo.
Em 2021, o país ocupou a 6ª posição dentre os principais importadores do Brasil, com um total de US$ 5,70 bilhões (2,6% das importações brasileiras). Já nas exportações, a Rússia foi o 36º maior parceiro comercial do Brasil, contabilizando um total de US$ 1,59 bilhões (0,6% das exportações brasileiras). Não parece muito, mas há itens estratégicos nesse comércio, como os fertilizantes.
Com informações Metrópoles