Produtores rurais, governo, iniciativa privada, terceiro setor e sociedade civil discutiram ontem (26/3) iniciativas para promoção da conectividade e rastreabilidade no campo, durante a conferência livre em preparação a ‘5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação’. Promovida pela Fundação Bunge, em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o evento teve o objetivo de contribuir com a temática do Eixo III – Ciência, tecnologia e inovação para programas e projetos estratégicos.
As propostas elencadas no evento serão levadas para o MCTI durante a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, evento que será realizado em Brasília, em junho de 2024, e reunirá diferentes atores da sociedade para discutir a implementação de políticas públicas com foco no crescimento e desenvolvimento do país.
A conectividade é apontada como um fator essencial para o desenvolvimento de todo o agronegócio, porém, apenas 30% das propriedades rurais no Brasil têm acesso à internet. Em algumas regiões que são potências agrícolas, como o Mato Grosso, esse índice é de apenas 15%.
Os participantes do evento apontaram alguns caminhos para a solução desse desafio, relacionados à infraestrutura necessária para diferentes regiões do país, além de políticas públicas de curto e médio prazo baseadas no mapeamento de estudos e iniciativas já existentes, e principalmente, de fundos específicos e linhas de créditos. Outra proposta discutida foi o investimento em pesquisa e desenvolvimento científico para gerar inovação, garantir a soberania nacional e a segurança cibernética, além do investimento em educação básica e técnica, para preparar crianças e jovens para os desafios do ambiente digital.
A rastreabilidade foi apontada como um caminho importante para o agro brasileiro ampliar as práticas sustentáveis e conquistar novos mercados internacionais. Mas, para ser efetiva, é preciso, na visão dos especialistas, incluir neste processo todos os elos das cadeias produtivas e os produtores rurais de pequenas, médias e grandes propriedades. Entre as principais propostas estão o investimento em tecnologia e ciência para geração, cruzamento e integração de dados, além de inclusão e políticas públicas voltados a pequenos produtores rurais e povos tradicionais, que muitas vezes são excluídos dessa área pelos investimentos necessários.
Trabalho em rede
Durante a conferência livre, a diretora-executiva da Fundação Bunge, Cláudia Buzzette Calais, falou sobre a importância da integração de diversos elos do setor agro, como iniciativa privada, governo, academia e terceiro setor para o enfrentamento dos desafios relacionados à conectividade e a rastreabilidade no campo. “A gente tem ciência, tecnologia, regulação, governança, mas porque ainda temos tantos desafios nessas duas áreas? Acredito que um caminho para que a gente possa avançar nestes pontos é o trabalho em rede”, afirmou.
O vice-presidente de agronegócio da Bunge no Brasil, Rossano de Angelis Junior, falou sobre a importância da conectividade e da rastreabilidade para a Bunge, líder mundial no processamento de sementes oleaginosas e na produção e fornecimento de óleos e gorduras vegetais especiais.
“Nossa estratégia está enraizada na sustentabilidade, tecnologia e políticas de ESG. Mas a nossa experiência mostra que não adianta termos projetos voltados apenas para o grande produtor rural. É preciso iniciativas voltadas ao agricultor familiar, pequeno produtor e povos tradicionais. A Fundação Bunge nos auxilia neste campo e desenvolve o projeto Semêa, que é a personificação disso tudo”, disse.
Realizado em Canarana (MT), o Semêa é voltado à agricultura de baixo carbono com foco em práticas regenerativas para ampliar ações e conhecimentos de agricultores familiares, grandes produtores rurais e indígenas que estimulem a preservação do solo, floresta e água.
Dividida nos painéis “Ciência e tecnologia para o aumento da conectividade e tecnologias acessíveis: contribuições no campo” e “Como a ciência e a tecnologia podem colaborar com a rastreabilidade no setor produtivo”, a conferência livre contou com a participação de Virgílio Almeida, professor emérito da UFMG; Tiago Machado, diretor de relações institucionais da Vivo e membro do comitê de conectividade da Abag; Braian Souto, líder global de Business Technology e Estratégia de Ecossistemas da Bunge; e César Augusto Costa, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) do MCTI.
Participaram também Renata Bueno Miranda, secretária de inovação, desenvolvimento sustentável, irrigação e cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); Fernanda Lemos, professora do Insper; Bernardo Pires, diretor de sustentabilidade da Abiove; Pamela Moreira, gerente sênior de sustentabilidade da Bunge; e Silmara S. Ferraresi, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão.
A Fundação Bunge
A Fundação Bunge, entidade social da Bunge no Brasil, há mais de 60 anos atua para gerar impactos positivos na sociedade em territórios e setores estratégicos para a Bunge, fomentando a diversidade com promoção dos direitos humanos por meio da inclusão produtiva e do estímulo à economia de baixo carbono, estimulando a ciência e a preservação da memória. A Fundação é o pilar social da Bunge, líder mundial no processamento de sementes oleaginosas e na produção e fornecimento de óleos e gorduras vegetais especiais, que tem como propósito conectar agricultores a consumidores para fornecer alimentos, nutrição animal e combustíveis essenciais para o mundo. A Fundação valoriza duas parcerias com os agricultores para melhorar a produtividade e a eficiência ambiental da agricultura em nossas cadeias de valor e para levar produtos de qualidade de onde eles crescem para onde são consumidos. Ao mesmo tempo, colabora com nossos clientes para pensar e criar o futuro dos alimentos, desenvolvendo soluções personalizadas e inovadoras para atender às necessidades e tendências alimentares em evolução em todas as partes do mundo.