Quem se propõe a colocar algo à venda hoje em dia tem de saber: o chamado ‘cliente 4.0’ não se satisfaz apenas em receber, a contento e dentro do prazo, o produto ou serviço adquirido. Mais do que nunca, o processo decisório da compra tem levado em conta aspectos profundos como responsabilidade ambiental, a relação da empresa com valores sociais, a diversidade, transparência e ética. E saiba que isso tem se tornado necessário para empresas de todos os tamanhos!
Pequenos e médios negócios em Mato Grosso, no país e no mundo, estão sendo ‘intimados’ a adotar os conceitos do ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) nas suas estratégias e práticas rotineiras. E não se trata de uma opção, mas de sobrevivência mesmo. As três letrinhas já são velhas conhecidas do mercado financeiro e das grandes corporações, uma vez que servem de baliza para orientar investimentos mais seguros em marcas com reputação positiva perante os parceiros e a sociedade.
Se o nível de exigência é alto entre os investidores da bolsa de valores, por exemplo, o mesmo se aplica ao consumidor que abre o Instagram de uma loja de doces e decide comprar um bolo de aniversário. Considerar o contexto positivo de uma marca é uma característica dos tempos atuais. Antes de levar qualquer coisa para casa, o cliente tem seguido a tendência de ‘comprar a ideia certa’. O que define a qualidade de um produto é tudo aquilo que ele é e o que representa: a empresa respeita o meio ambiente? tem uma boa saúde financeira? preocupa-se com a comunidade local e os impactos sociais de sua atuação? Bingo!
“Além de promover o bem-estar do negócio, os critérios ESG possibilitam que pequenas e médias empresas acessem mercados cada vez mais exigentes quando o assunto é sustentabilidade. Para exemplificar, podemos citar o mercado de exportação, acesso a investimentos e integração da rede de fornecedores de grandes empresas”, exemplifica a gerente do Centro Sebrae de Sustentabilidade, Helen Camargo.
Ela ressalta que o CSS desenvolve, há 10 anos, conteúdos práticos para auxiliar pequenas empresas de todo o Brasil a desmistificar a sustentabilidade. O foco é identificar como implantar práticas inovadoras que vão contribuir para aprimoramento da gestão, redução de custos e impactos ambientais negativos, além fortalecer a conexão com os funcionários, comunidade, clientes, fornecedores e parceiros
O estudo “Global Marketing Trends 2021”, realizado pelo instituto Deloitte, mensurou a mudança de comportamento do consumidor. Valorizar o ‘propósito’ garante que a empresa tenha uma imagem mais sólida, seja mais lembrada. Na pesquisa, 79% dos participantes citaram como referência uma empresa que respondeu de forma positiva para ajudar os consumidores, colaboradores ou comunidades.
Os mandamentos na prática
Considerar o ESG em seu negócio, significa estender ao limite os parâmetros de sustentabilidade, que se infiltra nas áreas administrativa, financeira, de recursos humanos e influencia diretamente no desempenho geral de cada empresa. Os ganhos internos se multiplicam de forma a abranger todos os envolvidos, como fornecedores e colaboradores. A gestão de pessoas é outro ponto fundamental neste processo. Ter uma equipe comprometida e colaborativa é importante para a atuação estratégica da empresa que se preocupa com o todo, em criar e reforçar vínculos. Quando se fala em gestão ambiental, minimizar os impactos ao meio ambiente é apenas uma das etapas de um processo que envolve o desenvolvimento de atividades lucrativas, com alto valor social.
Em relação ao ‘G’ da sigla, talvez esteja aí o maior ponto de interrogação para os empresários que procuram se alinhar às novas tendências de mercado e atuação estratégica. Se a palavra compliance parece distante do dia a dia de um pequeno negócio, a saída é descomplicar. E saber que ética e boas práticas de gestão devem nortear qualquer rumo.
“Com relação à governança é importante deixar claro aos pequenos negócios que procedimentos como ser transparente com a rede de clientes e fornecedores, não se envolver em questões ligadas a esquema de corrupção, adotar boas práticas internas que valorizam os colaboradores, atender critérios legais e buscar conhecimento para manter uma gestão eficaz e eficiente, são exemplos práticos de como implantar o conceito no dia a dia do negócio”, completa Helen.
Com informações ASN