Hotel de Mato Grosso vira modelo em preservação ambiental

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Todos os setores são certificados com o ISO 14001, que confirma a aplicação correta das ações ambientais. (Foto: O Livre)

Já imaginou bananeiras tratando esgoto? Isso é possível. Uma tecnologia tradicional acompanhada de análises e manutenções constantes possibilita que o esgoto do Hotel Águas Quentes, localizado na Serra de São Vicente, seja totalmente tratado.

O sistema formado por caixas de separação e filtragem acaba em tanques, nos quais as próprias bactérias dos resíduos agem, fazendo a purificação da água, que ainda recebe cloro e uma última filtragem para lá de diferenciada, feita por pés de bananeira.

A estrutura com eficiência confirmada por laudos laboratoriais de empreendimentos credenciados costuma receber estudantes de todas as séries, incluindo acadêmicos, que possuem interesse em conhecer mais sobre esse sistema.

Joab Almeida Silva, gestor ambiental da unidade, explica que apesar de simples, o processo precisa ser muito criterioso e monitorado diuturnamente.

“Nosso principal atrativo é o parque e a natureza que circunda o hotel. Então, trabalhamos para preservar e causar o mínimo de impacto possível”, explica.

O hotel produz 600 litros de resíduos por hora e a maior parte vem da cozinha e da lavanderia. Os dois ambientes são tratados de maneira diferenciada, por conta dos produtos químicos e processos que realizam. Contudo, ambos são abastecidos apenas com materiais de limpeza biodegradáveis para que não levem produtos químicos para a natureza e, assim, alterem o habitat.

A cozinha

O trabalho na cozinha começou com a conscientização dos funcionários do setor. Eles sabem a importância da separação e, já no preparo das comidas, colocam o resto de óleo no coletor – que vai para uma empresa especializada em transformá-lo em detergente -, as cascas de frutas cítricas em um latão e os demais resíduos orgânicos em outro. Assim, escorre pelo ralo apenas líquido que teve contato com detergente e alimentos.

Este material passa por 10 caixas de filtragem, sendo que a primeira, onde fica a maior parte da contenção, é limpa constantemente por caminhões limpa-fossa de empresas de Cuiabá, que coletam o material e trazem para fazer o tratamento adequado.

Dessa forma, o que segue pelos canos acaba no tanque séptico, que também recebe o material dos demais setores do hotel. A estrutura é lacrada e faz com que o material sólido decante, ficando a parte sólida no fundo e a água na superfície. Já, o material depositado na base é uma espécie de lodo, que também é coletada pelo caminhão limpa-fossa, que atende esse local três vezes por ano.

Enquanto isso, a parte de cima, é processada pelas próprias bactérias que fazem a decomposição do material e se alimentam dos resíduos. Em seguida, o que foi tratado passa por canaletas instaladas perto da tampa, seguindo para o terceiro compartimento. Além do mais, nesse tanque, a água, que já está em níveis considerados aceitáveis para o descarte, entra por baixo da estrutura e passa por uma espécie de gasificação, com o próprio gás metano que o processo de purificação produz.

Em seguida recebe cloro, que vem por um sistema automatizado e é liberada por canais para vários pontos, onde estão plantadas as bananeiras, que concluem o trabalho. Segundo Silva, existe um revezamento entre os canais para que não haja a saturação dos pontos pelo excesso de água.

As bananeiras viram filtros

evapotranspiração ou fossa verde é um método de tratamento comum na permacultura, sistema baseado no modelo natural e que tem o objetivo de simular a ação da própria natureza nas construções e cultivos.

Bananeiras responsáveis pela filtragem já estão se reestabelecendo após a queimada (Foto: Luiz Alves/ O Livre)

Nela, as plantas fazem o trabalho e, por meio das raízes, se alimentam do que precisam e soltam o restante da água no ar, por meio de transpiração.

“É interessante as pessoas conhecerem este processo para entenderem que não jogamos nenhum tipo de resíduo sem tratamento, seja na mata, seja no rio”, explica Joab Almeida Silva, gestor ambiental do Hotel Mato Grosso Águas Quentes.

Ecolavagem

Dentro da lavanderia, um sistema automatizado faz a distribuição da quantidade adequada de produto de limpeza para a quantidade de roupa. Resultado: menos desperdício para empresa e descarte mínimo de produto no meio ambiente.

Apesar de o material ser biodegradável, a empresa tem a preocupação de reduzir ao máximo o contato do ambiente natural com elementos de fora dele. Por este motivo, foi desenvolvido um sistema para captar os mini resíduos de algodão, que eram dispersos durante a secagem.

Quando a máquina trabalhava, ela soltava no ar os pequenos pedaços que, agora, são coletados por meio de tubos e aglomerados em um recipiente com água. Assim, eles ficam preso ao líquido, que depois passa por uma espécie de peneira e é coletado pelo caminhão de limpeza.

Hotel e parceiros certificados

De acordo com o gestor ambiental, o hotel tem o certificado Iso 14001 em todos os setores. Ter o documento demonstra que a empresa tem uma política ambiental e a desenvolve de forma correta.

Para conseguir esse selo, são realizadas auditorias constantes e todos os laudos feitos para comprovar o tratamento da água verificados. A cada quatro dias, são coletadas amostras dos locais de saída da água e da entrada na estação de tratamento. Quando os resíduos encontrados são superiores ao exigidos pela lei, é feito o incremento do cloro, bem como uma varredura no sistema para achar onde está o problema.

“Temos uma preocupação grande em contratar laboratórios certificados e que tenham respaldo técnico comprovado para dar mais segurança aos processos e também nos garantam o bom resultado nas auditorias”, argumenta.

Serviço:
Hotel Mato Grosso Águas Quentes está localizado na Serra de São Vicente, a 85 km de Cuiabá. O empreendimento fica no meio do Parque Nacional de Águas Quentes. Com piscinas normais, naturais com águas termais, o local ainda possui uma série de atrações com contato direto com a natureza.

Espaço tem piscinas de águas termais e atividades de contemplação e imersão na natureza (Foto: Luiz Alves/ O Livre)

Com informações do portal O Livre

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