Apesar das inúmeras dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19, 86% das micro e pequenas empresas continuam funcionando, sendo que 31% delas da mesma forma que operavam antes da crise, e 57% passaram por mudanças diante do novo cenário. Apenas 5% decidiram fechar o negócio e 9% interromperam o funcionamento temporariamente.
Os dados são da pesquisa “O Impacto da pandemia de coronavírus nos Pequenos Negócios”, feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e que se encontra em sua 13ª edição. Foram ouvidos 6.883 de todos 26 estados e Distrito Federal, sendo 59% microempreendedor individual (MEI), 36% micro empresa (ME), 5% empresa de pequeno porte (EPP), no período de 25/11/2021 a 01/12/2021.
Para minimizar os impactos da crise, muitos empresários mato-grossenses recorreram às redes sociais e aplicativos de internet como WhatsApp, Facebook e Instagram, como ferramentas de vendas. O índice local ficou em 76% sim, acima da média nacional que foi de 74%. O WhatsApp é o canal mais utilizado (85%), seguido do Facebook (44%), Instagran (44%) e 11% têm loja virtual própria. A soma dos índices ultrapassa 100% porque as empresas usam mais de uma ferramenta simultaneamente. Sobre as formas de pagamento, o PIX é de longe o favorito, sendo utilizado em 87% dos casos.
A microempreendedora individual (MEI) Danielle Soares, 22 anos, proprietária da Creative Doces, aponta que aqueles que souberam usar as redes sociais conseguiram manter-se no mercado e até ampliar a clientela. Foi o que aconteceu com ela. Teve que eliminar o contato direto com as pessoas, as vendas diretas e utilizou o WhatsApp para captar novos clientes pelo celular e muitos se tornaram fiéis. “Tive um aumento considerável no número de clientes, mais pessoas comprando, porém o tamanho dos pedidos ficou menor, houve uma redução na quantidade comprada”. Neste início de 2022, com o avanço da variante ômicron, ela tem lidado com cancelamentos de alguns pedidos e adiamento de outros, especialmente para casamentos.
Ao longo da pandemia teve que aumentar os cuidados sanitários na produção e passou a incluir recadinhos para os clientes orientando sobre como se portar ao receber os produtos, sobre como higienizar e descartar as embalagens, o que acabou agregando valor.
Há 5 anos no mercado, ela relembra que a pandemia começou pouco antes da Páscoa de 2020 o que causou muito medo nela como empresária. Reduziu um pouco as compras e seguiu em frente adaptando-se ao novo cenário. Agora já se prepara para a Páscoa de 2022 (17 de abril) com a oferta de novos sabores e embalagens diferentes. Aliás, ela cita as embalagens como um grande problema durante toda a pandemia. “Os preços dos produtos subiram muito e não é possível repassar para os clientes”.
Também do segmento de alimentação, Cláudia Tavares, proprietária do Goiabeiras Gourmet e do Goiabeiras Express, relata que tem sido muito difícil, mas a pandemia abriu novos , horizontes, “nos forçou a repensar a forma do negócio e a rever os conceitos de trabalho”, conta prestes a abrir um novo empreendimento em parceria com o empresário Renato Romani, proprietário do Dilleto Massas. “Unimos forças e juntamos nossas experiências para montar o Café Cidadela que será aberto em breve”.
Atuando em um dos setores mais afetados pela crise pandêmica, Lisa Canavarros decidiu não fechar a pousada Ayamara Lodge, localizada no KM 25 da Transpantaneira, mesmo reconhecendo que tem sido bem complicado. “Fechar nunca foi minha opção”, afirma de forma categórica, acrescentando que para os empresários que fazem planejamento e que tinham uma reserva econômica, ficou melhor, assim como para aqueles que souberam se adaptar. “Você pode ser pego de surpresa a qualquer momento e é preciso estar preparado”, constata.
Mas, para manter essa determinação, teve que adotar algumas mudanças. Teve que passar o foco do turismo internacional para o brasileiro, desde o marketing até a operação cotidiana. Por exemplo, as refeições, antes servidas em sistema de buffet, agora são à la carte, mais ao gosto dos brasileiros, assim como horários que se tornaram mais flexíveis e ampliados. “Atender brasileiros é bem diferente”, diz, contando que tem atendido solicitações especiais, tais como quarto decorado para dia dos namorados ou outra data romântica para o casal, passeios em pequenos grupos ou só para uma família.
Sempre otimista, Lisa acha que 2022 será melhor do que o ano passado. “Eu acredito que o pior já passou, não dá para parar a vida por conta da pandemia ou qualquer outro problema”. Segundo ela, a retomada total deve ocorrer em 2023, até porque há uma demanda reprimida de turistas. Proprietária também da agência e operadora Birding Pantanal, ela diz já perceber um aumento da procura, especialmente por parte de americanos, canadenses e europeus (em menor quantidade).
Talvez o otimismo explique o fato de 86% dos respondentes da pesquisa terem dito que pretendem investir em alguns desses pontos: ampliação da capacidade produtiva ou de atendimento (15%), modernização do negócio (novos produtos, novos processos) (17), capacitação de funcionários (2) ou do próprio empresário (10), ampliar mix de produtos ou serviços (8%), na divulgação do negócio (20%) ou na reforma do estabelecimento (14%). Outros 14% disseram que não irão pretendem fazer investimentos. Para 24% os desafios provocaram mudanças que foram valiosas para os negócios e 17% estão animados com as novas oportunidades. No entanto, 44% dizem ainda ter muitas dificuldades para manter o negócio. Para 15%, o pior já passou.
Com informações ASN