A expectativa é de que o comércio apresente melhorias nas vendas durante o início deste ano, acompanhando a recuperação da economia. O otimismo é amparado em dois levantamentos, realizados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que avaliam os níveis de confiança, do consumidor e do empresário, na economia atual.
A pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apontou um crescimento no desejo de compra da população depois de dois meses de retração. Já o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) alcançou o maior patamar desde março de 2020.
Nas duas pesquisas, a avaliação vai de zero a 200 pontos. O nível considerado de satisfação tanto do consumidor quanto do empresário é de 100 pontos. Isso significa que quando se atinge essa pontuação, o consumidor, por exemplo, está satisfeito com o ambiente econômico e suas condições de consumo, como emprego e renda.
Intenção de compras
A pesquisa Intenção de Consumo das Famílias mostra que em janeiro, a intenção de consumo chegou ao patamar de 76,2 pontos, o maior nível desde maio de 2020. O resultado mostra um avanço frente ao número de 73,6 pontos, alcançado em janeiro de 2021, representando uma elevação de 3,6% na intenção de consumo.
A série apresentou crescimento mensal de 1,1%, após dois meses de retração, já que os meses de novembro e dezembro, de 2021, apresentaram uma média de pontos que variou entre 73 e 74. De acordo com a CNC, esse avanço indica que os consumidores estão mais confiantes com um cenário de crescimento econômico.
Os dados são positivos e marcam um momento de otimismo, sobretudo se comparados com os alcançados em maio de 2021, quando a pontuação chegou a 67,5. O recuo apresentado na época refletia a insegurança das famílias, principalmente com relação à renda, causada pela Covid-19 e que apresentou um cenário mundial de incertezas. No entanto, mesmo em meio à pandemia, o Brasil vem retomando confiança na economia e os resultados obtidos neste ano, refletem esse avanço.
Com isso, o principal destaque positivo do levantamento realizado este ano foi o indicador Emprego Atual, que avalia a confiança dos entrevistados com a manutenção de seus empregos. Esse quesito teve a maior alta, de 2,6%, e também está no maior patamar, com 97 pontos.
Outro indicador, a Perspectiva de Consumo, também mostrou expansão de 2,5%, a segunda consecutiva, além de alcançar o maior patamar desde abril de 2020, quando havia alcançado 81,0 pontos. Já o indicador Renda Atual atingiu o melhor nível desde junho de 2021, registrando 82,7 pontos, com crescimento de 0,5%.
Considerando a análise por grupos de renda, o resultado indica uma evolução favorável em relação ao ano passado. As famílias com ganhos acima de 10 salários mínimos apresentaram crescimento mensal de 1% na intenção de consumo, chegando a 93,5 pontos. Já as famílias mais pobres, com renda abaixo de 10 salários mínimos, apresentaram uma alta mensal de 1,1%, alcançando 76,6 pontos.
Confiança dos empresários
O otimismo é maior entre os comerciantes. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) alcançou o patamar de 121,1 pontos em janeiro, o maior desde março de 2020 (128,4 pontos). Neste caso, ficou acima do nível de satisfação, que é de 100 pontos. Esta foi a segunda alta consecutiva na confiança dos empresários.
Todos os subíndices principais avaliados pela pesquisa também apresentaram alta. O quesito Intenções de Investimento obteve variação mensal positiva de 1,8%, alcançando 110,6 pontos, o maior nível desde janeiro de 2014 (114,6 pontos). Na comparação com o mesmo mês em 2021, o indicador contou com aumento de 16,5%.
Já a maior pontuação ficou por conta do item Expectativas do Empresário do Comércio, que chegou a 152,7 pontos, avanço de 1,5% em relação a dezembro do ano anterior e de 7,5% em relação a janeiro do ano passado.
O indicador Condições Atuais do Empresário do Comércio retornou à zona de satisfação ao alcançar 100,1 pontos, o maior nível desde abril de 2020. A alta de 0,6% foi o primeiro crescimento mensal depois de quatro quedas seguidas.
Contratações
A pesquisa mostrou ainda que os empresários estão mais otimistas quanto à geração de empregos. Entre os itens que analisam as intenções de investimento dos comerciantes, a maior satisfação foi em relação à Contratação de Funcionários (137,2 pontos). A maior parte dos empresários (68,9%) demonstrou intenção de aumentar sua contratação, sinalizando que a recuperação do mercado de trabalho deve continuar.
Para 54,7% das empresas, a expectativa é que a economia melhore ligeiramente no futuro.
De acordo com a economista da CNC, Catarina Carneiro da Silva, responsável pela divulgação dos levantamentos, as duas pesquisas estão interligadas.
“Com o aumento na intenção do consumo, o empresário fica mais inclinado a investir. Em janeiro, houve crescimento em ambas pesquisas e o indicador de confiança do empresário a curto prazo passou a ficar acima de 100 pontos. O consumidor também está tendo visão positiva, principalmente por parte do emprego. O mercado de trabalho está dando mais perspectiva de consumo”, avaliou.