*Por Antônio Teodoro
Segundo dados da pesquisa Educa Insights, em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior (Abmes), em novembro de 2020, a intenção de fazer uma graduação era de 33%; agora, é de 14%. No ensino a distância, o interesse caiu de 46% para 38%. Mas qual o impacto no mercado? Teremos um colapso de mão de obra qualificada, treinada e habilitada no futuro.
A crescente taxa de desemprego acabou quebrando o orçamento de muitos profissionais, especialmente os mais jovens (ainda em fase de custeio de sua educação formal). Desta maneira, sem emprego, as pessoas optam pelo essencial. A espiral da pobreza se inicia. Para-se de estudar por falta de condições financeiras. A condição financeira não melhora por falta de qualificação.
Os jovens que chegarão à idade ativa, durante este e o próximo ano, enfrentarão um desafio adicional a ser vencido. O colapso no mercado de trabalho cobrará a conta daqui 3 ou 4 anos. Um curso superior não é feito por rompantes, e todos aqueles que já experimentaram a rotina por 4, 5 anos, sabem disso. Imprevistos ocorrem, e a rotina acaba por consumir o fio de expectativa que sobra. Sem dizer que, com os anos evoluindo, as responsabilidades financeiras e familiares só aumentam.
Para uma retomada do ciclo econômico, será fundamental manter jovens com capacidade de transformação, de inovar. As competências que hoje são exigidas aos entrantes no mercado de trabalho versus aquelas exigidas para as pessoas com experiência e idade ativa foram alteradas: a pandemia transformou as chamadas “soft skills”. As habilidades comportamentais estão agora no centro decisório das lideranças.
Os empresários terão que assumir o papel de inclusão social, preparando suas empresas a garantir emprego, renda, treinamento e desenvolvimento, por meio também da educação, indo além do pagamento de impostos para financiar o ensino. As empresas precisam abrir as portas aos jovens. Fazer parcerias técnico-educacionais capazes de transformar a mente e a percepção de mundo destes talentos. Desenvolver pessoas é um ato contínuo, lento, mas como tudo aquilo que requer cuidado, traz resultados infinitos. Educar é cultivar um propósito. É semear inovação para colher sustentabilidade.
A atitude deve começar agora. Mais do que ligarmos nosso alerta, é mandatório preparar nossas empresas para a transformação e prevenir o colapso de talentos. Não existe pílula de conhecimento instantâneo. A ciência econômica nos ensina que um de seus papéis é estudar a alocação eficiente de recursos escassos. Nada é mais escasso que um talento, uma mente que transforma as empresas, sua história, e claro, seus resultados.
*Antônio Teodoro – Economista, MBA em Gestão Estratégica de Negócios; MBA em Gestão de Projetos. Diretor Administrativo e Recursos Humanos do Grupo Novo Mundo.