Pousada no Pantanal cria modelo de negócio sustentável que combina ecoturismo com criação de animais

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A Pousada Araras hoje opera com diferentes atividades econômicas. O foco sempre foi o ecoturismo, com hospedagem e expedições no pantanal. (Imagem: Divulgação)

Combinando a criação de gado e cavalos com o ecoturismo, a Araras Eco Lodge, uma pousada localizada na Rodovia Transpantaneira, em Poconé (a 104 km de Cuiabá), tem seguido um modelo de negócio sustentável. O proprietário da pousada, André Turoni, afirma que sua pousada é um exemplo de desenvolvimento sustentável para as propriedades pantaneiras, pois parte do que é produzido, como carne e leite é utilizado para consumo local, além do fato de que o pasto protege o bioma contra a propagação de incêndios.

A Pousada Araras hoje opera com diferentes atividades econômicas. O foco sempre foi o ecoturismo, com hospedagem e expedições no pantanal. Depois veio a criação do gado e, por último, a criação do cavalo pantaneiro, como forma de apoio à cultura da região. Na propriedade também há realização de eventos, além da exploração de mel de abelha e criação de carneiro.

A história de André com o Pantanal começou no ano de 1976. Alguns anos antes, em 1974, ele iniciava sua carreira como empreendedor do Turismo de natureza. André organizava expedições na Ilha do Marajó e ao longo do Rio Negro, após uma parceria com franceses de uma companhia aérea que investia em uma rede de hotéis no Brasil.

Em 1976 ele conheceu o Pantanal pela primeira vez. André ficou acampado nas margens do Rio Cuiabá, na Fazenda Santa Rosa, do empresário João Celestino Cardozo Neto, popularmente conhecido como “João Balão”. Lá André passou três temporadas acampado e isso o motivou a investir no turismo no Pantanal.

“Em 1976 eu descobri este lugar aqui, e era bem mais fácil e interessante vir para o Pantanal do que ir para Marajó, porque lá havia necessidade de alugar um avião para ir às fazendas que eu usava. De lá para cá eu realizei várias ações até que em 1991 nós arrendamos esta pousada, que era uma fazenda que foi fundada em 1944 por Constantino Campos Silva. Neste momento eu já tinha uma empresa chamada Expeditur, que fundei em 1983, e tínhamos várias bases de operação, tinha a base na Amazônia, no Pantanal, tinha escritório no Rio de Janeiro e em Bruxelas, na Bélgica. Era uma operadora bastante representativa do Brasil, sempre dedicada ao turismo de natureza”, disse.

No ano de 1996 André avaliou que já era possível viver exclusivamente do turismo de natureza e se mudou para Várzea Grande. Ele continuou como operador de receptiva internacional. O empresário arrendou a Pousada Araras e comprou terras ao redor.

“O que eu gostava era Pantanal e Amazônia. E quando eu arrendei este lugar aqui eu não tinha dinheiro para comprar, reformar e publicitar a Pousada Araras. Então continuei arrendando ela e fui arrumando. Para garantir o meu ponto eu comprei as terras ao redor da pousada, 480 hectares, para evitar que se amanhã, depois de fazer muito investimento na pousada, fosse colocado para fora. Depois, há 16 anos, comprei do outro lado da estrada, que são 2.050 hectares, formando assim um espaço de 2.800 hectares aproximadamente”, explicou.

Segundo o empresário, quando ficou à frente da Pousada Araras teve que realizar uma gestão ambiental na região, que estava muito impactada com a criação de gado. Ele passou a investir em ações para trazer os animais silvestres de volta ao local.

“Ao longo destes 30 anos que estamos aqui fizemos uma verdadeira gestão ambiental, plantamos muitas árvores frutíferas do Pantanal para atrair a fauna, e criamos nos entornos da pousada muitos ambientes com água, muitos tanques que alimento com água de subsolo. Aqui é absolutamente proibido de alimentar os bichos, e temos a felicidade de ter todos estes animais que circulam aqui livremente, mas sem nenhuma dependência”.

André então percebeu que para continuar com sua atividade de turismo a criação de animais seria importante, para diminuir o risco de incêndios. Assim surgiu seu modelo de negócios que combina o ecoturismo com a criação de gado, carneiros e cavalos.

“O modelo de negócios aqui é turismo, e do turismo, para poder executar as minhas atividades, expandi para ser proprietário de terra. Muito rapidamente, quando você tem uma propriedade no Pantanal, você percebe que no período da seca o risco de incêndio cresce, e a maneira de diminuir esse risco é criando boi. Então apesar de eu ser um ambientalista, eu rapidamente, quando adquiri a propriedade, entendi que tinha que criar boi também”. André ainda explica que “hoje com este modelo da Pousada Araras, eu tenho a pretensão de servir como um modelo de desenvolvimento sustentável para as propriedades pantaneiras, unindo a atividade tradicional, que é criação de gado e cavalos, à atividade do turismo. Com a junção destas coisas eu consigo manter uma propriedade bem arrumada, fazer dinheiro, de uma forma sustentável sem destruir ou denegrir o Meio Ambiente”, finalizou o empresário.

Atividades econômicas

O primeiro rebanho que André comprou foi de búfalos. Segundo ele esta é uma opção melhor que o gado Nelore, pois o búfalo ganha peso no período úmido, enquanto o Nelore perde. Parte do rebanho criado na propriedade é utilizada para consumo próprio.

“Aqui eu tenho um sistema integrado onde nós produzimos a carne para a pousada. Então durante metade do ano nós matamos búfalo para a fazenda e para a pousada. Aqui é produzida, além da carne do búfalo, a do gado Zebu e do carneiro, e nós temos o gado Caracu para produzir leite, do qual fazemos o queijo e a coalhada. E o gado Nelore vendemos a bezerrada, porque o Pantanal é um lugar de cria, não tanto de recria”. O empresário afirmou que cria os animais com o melhor padrão possível, e o gado criado lá está, reconhecidamente, acima da média, dentro do Pantanal.

O próximo passo foi a criação do cavalo pantaneiro. No início André comprava cavalos de terceiros, mas logo percebeu que o melhor seria ter sua própria criação. Os cavalos criados no Aras Bafo da Onça, na propriedade, são habituados com a presença do homem desde cedo e são utilizados nas expedições oferecidas pela pousada.

Foto: Rogério Florentino/Olhar Direto

“Comecei a criar o cavalo pantaneiro porque fazemos questão de que o nosso visitante tenha uma experiência completa, e principalmente no período dos alagamentos, quando você sai no campo alagado, a cavalo, é uma coisa única, e eu queria que as pessoas vivessem isso”.

Na propriedade também é feita a exploração do mel, por meio de uma parceria. Hoje eles possuem 20 caixas de criação de abelha e André fica com metade de tudo o que é produzido. O mel é consumido na pousada. A Pousada Araras também realiza eventos, que foram paralisados no período da pandemia, além das expedições, cavalgadas, roda de viola e competição de laço. Tudo é ambientado para transmitir a verdadeira experiência do Pantanal aos visitantes.

“Hoje em dia a Pousada Araras é um conjunto que tem este atrativo forte da fazenda, que está muito bem arrumada e cuidada, com um capital de animais bem variado, e agrega também atividade tradicional, para que sirva de modelo aos donos de fazenda. Sempre quando eu encontro um amigo fazendeiro eu gosto de levar à minha sede, onde tenho as baias, lá eu transformei a sede da casa em uma mini pousada de quatro suítes, então sempre sugiro aos fazendeiros que vem nos visitar que façam o mesmo nas fazendas deles, porque agrega valor”.

Com informações Olhar Direto

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