Os prejuízos causados pelos fungos na cultura da teca são significativos e acarretam a redução da produção e da longevidade do cultivo. Por isso, um projeto, desenvolvido em parceria entre Unemat, a Fundação Faespe e duas empresas tem como meta o melhoramento genético da espécie. O objetivo é aumentar a sua resistência a diferentes tipos de doenças na espécie que é conhecida pela madeira de alta qualidade e que tem elevado potencial produtivo em Mato Grosso.
O Estado é líder no cultivo e responsável por 65% da área plantada no Brasil. Entretanto, após a expansão, o desafio é manter esta cultura atrativa.
“Isso passa por disponibilizar materiais genéticos mais produtivos, com madeira de melhor qualidade, precoce e resistente a doenças que podem reduzir os ganhos”, explica o engenheiro florestal, Fausto Takizawa.
Entre as principais doenças que afetam a teca, está a murcha-de-ceratocystis, causada pelo fungo chamado cientificamente de Ceratocystis fimbriata, que reduz o crescimento, o valor da madeira produzida e pode levar à morte da planta.
“Por se tratar de doenças limitantes para a cultura, para as quais não existem medidas de controle, a obtenção de cultivares resistentes trará grandes impactos para o cultivo dessa espécie florestal. Podendo promover a diversificação na cadeia produtiva e benefícios a economia, além dos ganhos sociais e ambientais”, afirma a coordenadora do projeto Leonarda Grillo Neves, doutora em Genética e Melhoramento e professora da Unemat.
As áreas que tiveram perdas na produção dessa espécie florestal devido à ocorrência da doença poderiam voltar a investir na cultura. A plantação de teca pode ser uma alternativa para a recuperação de pastagens degradadas, uma maneira de conter a pressão de desmatamento, assim como um caminho para promover o desenvolvimento social, econômico e ecológico da região.
O estudo resultará no desenvolvimento da primeira cultivar de teca resistente ao fungo C. fimbriata obtida no mundo. A pesquisa será realizada pelo período de cinco anos. Foram coletadas plantas doentes em várias regiões produtoras de teca, em Mato Grosso e Pará, e encaminhadas ao laboratório de Melhoramento de Genética Vegetal da Unemat, em Cáceres, para procedimentos de isolamento. Após identificado, o material é submetido a testes para determinar a diversidade genética e fontes de resistência a doenças, principalmente a murcha-de-ceratocystis.
A Fundação Faespe fica responsável pelo contrato entre Unemat e a Bioteca, e também intermedia os pagamentos das bolsas e do custeio. São três bolsistas envolvidos no projeto, sendo uma de pós-doutorado, uma de doutorado e um de mestrado.
Biotecnologia e melhoramento genético exigem conhecimento especializado e investimentos.
“A universidade pública possui este conhecimento e equipamentos avançados que, por vezes, podem estar ociosos e também necessitando de apoio para sua operação. Este modelo de parceria gera inovações e novas tecnologias aplicáveis, bem como contribui para a formação de futuros profissionais capacitados e adequados ao mercado de trabalho”, avalia Fausto.