Renner mira compra da Dafiti com recursos da oferta de ações

Você está visualizando atualmente Renner mira compra da Dafiti com recursos da oferta de ações
Varejista anunciou captação de até R$ 6,5 bilhões na bolsa e pode usar os recursos para fazer uma proposta pelo e-commerce de moda. (Imagem: Divulgação)

Em meio à oferta de ações que poderá lhe render até R$ 6,5 bilhões, a varejista Renner já tem um alvo claro: o e-commerce de moda Dafiti, que tem um valor estimado pelo mercado de R$ 10 bilhões, segundo apurou o Estadão.

O foco da Renner com o movimento, o mais ousado de sua história, ajudará a companhia a se posicionar no novo mercado de moda, que tem acelerado sua migração para o mundo digital com a pandemia de covid-19.

Se a aquisição avançar, a Renner conseguirá dar um novo salto, colocando-se de vez entre as maiores empresas do varejo de moda online no País. Na B3, a Bolsa paulista, a Renner é avaliada em R$ 36 bilhões, com valorização de 13% em um ano.

Por conta do preço estimado da Dafiti, a leitura é de que a transação envolverá, além de dinheiro, ações. A empresa já atua no Brasil, na Argentina, na Colômbia e no Chile.

A estimativa é de que neste ano a Dafiti registre R$ 4,5 bilhões de volume bruto de mercadoria, ou GMV, que é a métrica utilizada para estimar a receita bruta de um e-commerce.

A Renner não é a primeira empresa a buscar uma operação online de moda para alavancar seu negócio. Em 2019, o Magazine Luiza e a Centauro disputaram a Netshoes, um negócio que enfrentava dificuldades, mas tinha a vantagem de ter forte presença digital. No fim das contas, o Magalu levou a melhor, mas, diante do leilão, teve de pagar quase o dobro do que originalmente havia oferecido.

A Netshoes foi uma importante âncora da diversificação do Magazine Luiza, que fez nada menos de 17 aquisições em menos de 18 meses, comprando negócios que vão desde o site de livros Estante Virtual, passando por fintechs, empresas de logística, de propaganda digital e até de conteúdo.

Agora, a Dafiti pode fazer o mesmo pela Renner: ser o pontapé inicial de uma virada no negócio da varejista de moda, que está buscando uma estratégia de diversificação. Uma fonte do mercado financeiro definiu a questão de forma direta: “A Renner quer ser a Magalu da moda”.

Fontes de mercado chegaram a considerar que um dos alvos da Renner poderia ser uma concorrente direta, como C&A ou Marisa – a primeira sofre com o desinteresse de seus sócios holandeses em continuar no Brasil, enquanto a segunda enfrenta cenário difícil há vários anos.

No entanto, ir atrás de uma C&A, por exemplo, poderia significar dor de cabeça com órgãos reguladores, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). E, ao contrário da Dafiti, a C&A também não traria a camada de diversificação à Renner.

O movimento da Renner para se capitalizar e ganhar musculatura para uma grande aquisição ocorre em um momento de grande agitação do setor de moda do País, com empresas que se saíram melhor na crise sanitária, por terem a vertente digital de seus negócios mais madura, partindo para as compras.

Arezzo, por exemplo, tenta adquirir a Hering. Outra que tem se movimentado é o Grupo Soma, de marcas como a Animale e Farm, que agora negocia a compra da Shoulder. De maneira geral, a situação do setor é ruim, por causa do fechamento das lojas por causa da pandemia de covid-19 – o que gera oportunidades para os grupos em melhores situação financeira.

A Renner não quis comentar a questão da aquisição da Dafiti. Porém, ao confirmar sua oferta de ações, informou que utilizará os recursos a serem captados para o desenvolvimento e fortalecimento de seu ecossistema de moda com projetos internos e aquisições, além da continuidade na digitalização e no desenvolvimento de omnichannel (uso de vários canais de venda).

O Itaú BBA coordena a oferta juntamente com o BTG Pactual, JPMorgan, Morgan Stanley e Santander. Procurada pela reportagem, a Dafiti afirmou que não comenta especulações de mercado.

Com informações jornal O Estado de S. Paulo.