A agropecuária foi a que apresentou queda mais expressiva entre os setores que compõem o Produto Interno Bruto (PIB). Ela caiu 9% no terceiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2020. No confronto com o mês anterior, o tombo foi de 8%. Carro-chefe das exportações brasileiras (representa quase metade do que vai para o exterior) o agronegócio sofreu, principalmente, com o período de estiagem e com o encerramento da safra de soja.
“Como ela (a soja) é a principal commodity brasileira, a produção agrícola tende a ser menor a partir do segundo semestre. Além disso, a agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia. Para este ano, as perspectivas não foram tão positivas, em ano de bienalidade negativa para o café e com a ocorrência de fatores climáticos adversos na época do plantio de alguns grãos”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Além disso, o país enfrentou, em 2021, a pior seca em 91 anos. Além de contribuir para a inflação, já que o custo de geração de energia ficou mais caro, a falta de chuvas diminuiu a produção, de algumas culturas com safra relevante no terceiro trimestre, como a do café (recuo de 22,4%); algodão (-17,5%); milho (-16%); laranja (-13.8%) e cana-de-açúcar (-7,6%).
No caso do café, especificamente, a falta de chuvas foi apenas um dos causadores do problema. “(A queda) também foi ocasionada pela bienalidade negativa, que é sazonal, algo normal da cultura, mas também a falta de chuva no momento do enchimento do grão, que acabou reduzindo a produção em todo o Brasil”, avaliou Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Já no caso da cana-de-açúcar, disse Conchon, a produção na região Centro-Sul do país foi impactada, também, por geadas e queimadas.
Segundo o Ministério da Economia, a queda de 8% da agropecuária no terceiro trimestre deste ano produziu impacto de -0,5 ponto percentual do recuo do PIB no terceiro trimestre de 2021 contra o trimestre imediatamente anterior.
Nesse caso, se a variação da agropecuária fosse zerada, o resultado seria de um crescimento do PIB entre 0,3% a 0,4%. Em nota, a pasta argumentou que é preciso separar o que é responsabilidade do governo, em termos de política econômica, e o que está fora do controle do ministério.
“É fundamental distinguir o que é política econômica de fatores climáticos adversos e pontuais da natureza. A maior crise hídrica em 90 anos de história e a ocorrência de severas geadas tiveram impacto tanto em setores intensivos em energia como em setores que dependem do clima, como agricultura. Ademais, deve-se salientar a forte elevação dos custos de produção como adubos, fertilizantes e defensivos”, finalizou.
Com informações Correio Braziliense