O balanço anual da ABF – Associação Brasileira de Franchising aponta que o mercado de franquias consolidou sua curva de recuperação em 2021, compensando grande parte das perdas de 2020 e quase igualando o desempenho de 2019. O faturamento das franquias no Brasil no ano passado foi de R$185,068 bilhões, um crescimento nominal de 10,7% ante 2020, quando o valor foi de R$ 167,187 bilhões.
No total de unidades também houve crescimento de 9,1% na comparação com 2020, totalizando 170.999 operações. A mortalidade foi de 5,5%, retornando a patamares próximos ao período pré-pandemia.
Em Mato Grosso, o total de unidades em 2021 chegou a 3.391 e o faturamento registrado foi de R$ 3,910 bilhões. O setor gerou 26.962 empregos diretos no estado, no ano passado.
Em meio a esse cenário, sete empresas locais se tornaram franqueadoras em 2021, através de programa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT) que dá todo o suporte técnico e ainda subsidia 70% do valor da consultoria.
Uma dessas empresas é a Set 9, holding que reúne o IMO – Instituto Mato-grossense de Odontologia; Kalon de prótese digital, e a Tomo X, de radiologia. Conta com 2 clínicas próprias e 3 unidades franqueadas, sendo que tem participação nelas também.
A empresa foi criada pelos amigos Thiago Cuellar, Francisco Mantovani, Guilherme Tonin e João Fernando Lanzoni, todos formados em odontologia na USP de Ribeirão Preto (SP).
Thiago explica que a ideia ao empreender em Mato Grosso foi exercer a odontologia de uma forma diferente e perceberam que esse formato poderia ser replicado.
“O Sebrae apontou o caminho de formatação para modelar o negócio. Trabalhamos os setores de marketing, RH (recursos humanos), financeiro, gestão”, resume. Segundo ele, a meta é crescer em rede, vender mais 2 ou 3 franquias este ano e seguir crescendo em espiral. “Primeiro em Mato Grosso, temos que aproveitar o momento do Estado e o nosso também. O propósito é chegar a 56 clínicas até 2025”.
Yasser Caldeira, a Donafresca Pescados, revela que optou pelo crescimento em sistema de franquia por considerá-lo mais rápido para a marca e sem a necessidade de grandes investimentos, o que ocorre quando se abre novas unidades.
Com duas lojas próprias – em Cuiabá e Várzea Grande – abertas em 2019, a empresa está com duas operações de franquia em andamento, uma para Sinop, a ser aberta em março; e outra em Campo Grande (MS), cujo funcionamento começa em abril.
A meta para 2022 é comercializar mais duas unidades.
Segundo Yasser, a ideia de se tornar um franqueador nasceu de um trabalho de consultoria de um ano do Sebrae. “Era para organizar a casa, formatar e padronizar os processos e acabamos indo para o lado da franquia”, conta, acrescentando que sozinho não chegaria a essa conclusão e nem conseguiria efetivar a ideia.
Processo complexo
Com vasta experiência na área de franquia, o consultor do Sebrae MT, Carlos Raimundo dos Santos coordena as consultorias na área. Ele explica que se trata de um trabalho complexo. O Sebrae entra um passo antes da formatação da franquia fazendo toda a preparação para que a empresa chegue segura e consiga gerar ótimos resultados para que o franqueado tenha condições de pagar os royalties.
Segundo ele, a formatação consiste num conjunto de documentos, que inclui modelos de contratos, contratos, cronogramas, planos de ação, manuais de comunicação, de uso de marca, código de ética, listas de todos os fornecedores, de materiais e insumos com os respectivos valores, de possíveis franqueados, código de ética e os POP (Procedimentos Operacionais Padrão), tudo em forma de manual e, por último o manual de operações, mostrando como operar o sistema de franquias.
É gerada também uma apresentação feita por especialistas na área de marketing para que a empresa possa apresentar ao potencial franqueado.
“Mostramos o quanto a franqueadora vai auferir com a venda e implantação de franquias, a gestão do sistema. Por outro lado, apresentamos o plano de negócios de cada franquia que será aberta e o potencial de gerar lucro”, detalha.
A equipe conta com advogados que fazem toda a parte documental, a chamada COF (Circular de Oferta de Franquias), que é um conjunto de documentos, entre eles modelos dos contratos.
A intenção é que a empresa que está formatando a franquia saiba de cada detalhe de tudo que vai acontecer ao longo do trabalho.
Isso gera uma massa documental de cerca de 400 a 500 páginas ou mais, dependendo do tipo de negócio e da complexidade dele.
Para facilitar, toda a formatação da franquia é colocada numa timeline acessível na internet somente para os envolvidos, onde todos os documentos, vídeos das reuniões estão lá. “Essa tem sido uma ferramenta poderosa de comunicação. É bem rápido, prático e funcional”, constata.
Sobre valores, Carlos destaca que somente o trabalho da parte jurídica, por suas especificidades, custaria em torno de R$ 30 mil no mercado, o mesmo valor que o Sebrae cobra por todo o processo, sendo que 70% são subsidiados, ou seja, R$ 21 mil. “Assim nosso cliente paga R$ 9 mil, podendo parcelar enquanto dura o trabalho”.
Ele enfatiza que a dinâmica de formatação de franquia do Sebrae não fica devendo em nada às empresas especializadas de consultoria e lembra que, dependendo do modelo de negócio, o custo para se tornar franqueadora pode chegar até R$ 500 mil.
Com informações ASN